- 01 de março de 2011
A utilização de um decreto para estabelecer a regra de correção do salário mínimo - variação da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) acrescida da expansão do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos anteriores - foi questionada porque as agremiações consideram que o Poder Executivo estaria retirando o direito dos parlamentares de debater a cada ano as variantes para a definição dos patamares de reajuste.
"O que se verifica na espécie nada mais é do que uma indisfarçada delegação de poderes à Excelentíssima senhora presidente da República para que possa o Poder Executivo deter a prerrogativa de fixar, com exclusividade, o valor do salário mínimo. Por via de consequência, o Congresso Nacional não poderá se manifestar sobre o valor do salário mínimo entre os anos de 2012 e 2015", diz a oposição no documento.
No entanto, para a Advocacia Geral da União (AGU), que deverá se manifestar na ADI apresentada pelos partidos de oposição, não há violação da lei ao se estabelecer o decreto com as regras de reajuste do salário mínimo. "Não há inovação ou invasão de competência por parte do Executivo. O Legislativo fixa os valores, por lei, e o Executivo dá continuidade à alusiva fixação, mediante cálculo de reajustes e aumentos", afirmou o consultor-geral da União, Arnaldo Sampaio de Moraes Godoy, em despacho.
O governo Lula havia enviado uma medida provisória aumentando o valor do mínimo de R$ 510 para R$ 540, o que representava reajuste de 5,88%. Como o INPC ficou em patamar superior ao da inflação, na casa de 6,47%, o novo valor deveria ficar em R$ 543. Com o valor fracionado do benefício, não seria possível ao trabalhador o saque em caixas eletrônicos. Independentemente da pressão das centrais sindicais, o novo salário foi arredondado para R$ 545.
No dia 25 de fevereiro, por meio de um parecer, a AGU considerou constitucional que o cálculo do mínimo seja definido em lei e os valores, por decretos presidenciais, e não por projeto de lei, como determina a Constituição Federal.
Fonte: site economia Terra