• 05 de agosto de 2004
Ações atraem pessoas físicas nos fundos e na Bovespa Cleide Carvalho - Globo Online S?O PAULO - A redução do juro e o crescimento da economia estão atraindo novos investidores para o mercado de ações. Em julho, aumentou a presença de pessoas físicas na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) e os fundos de ações atraíram investidores que não aplicam diretamente nos papéis. Entre todos os tipos de fundo, o de ações teve a maior captação líquida de julho, num total de R$ 490,92 bilhões, segundo levantamento divulgado pela Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid). No balanço do mês divulgado pela Bovespa, as pessoas físicas tiveram participação recorde. Pela primeira vez, movimentaram 30% do volume de R$ 23,84 bilhões negociados na bolsa. Em junho, essa participação havia sido de 27,1%. A entrada de empresas como Natura, Gol e América Latina Logística (ALL) contribuem para atrair investidores pessoas físicas. Outro estímulo foi o lançamento do PIBB (Papéis de Índice Brasil Bovespa) - primeiro fundo de índice de ações a ser negociado em bolsa no Brasil e criado justamente para atrair este tipo de investidor. O PIBB foi criado com ações da carteira do BNDESPar, a empresa de participações do BNDES. A taxa de administração é de apenas 0,059% ao ano sobre o patrimônio líquido e o fundo reproduz a carteira do Índice Brasil 50, que reúne as 50 ações mais negociadas no mercado à vista. Dados da Anbid mostram que as pessoas físicas ficaram com 13,3% da oferta de ações da Natura, 11,7% das lançadas pela América Latina Logística (ALL) e 10% da oferta pública da CCR Rodovias. Só na Natura foram 4.376 investidores pessoas físicas. O PIBB atraiu 24.997 pessoas físicas no lançamento das cotas, o correspondente a 50% do total. Para Gregório Mancebo Rodriguez, vice-presidente da Associação Nacional de Investidores do Mercado de Capitais (Animec) as ações estão sendo favorecidas por um leque de fatores. Um deles é que a queda do juro básico da economia fez minguar o ganho fácil dos investidores no mercado financeiro. Outro é que as pessoas que investiram em ações por meio dos fundos FGTS Vale e FGTS Petrobras tiveram ganhos e mostraram que aplicar empresas pode ser um bom negócio. - Há uma preocupação em democratizar o mercado de ações, que era considerado de elite. O pequeno investidor ficava alijado. Com o trabalho da Bovespa, as corretoras acabaram democratizando o acesso pela Internet, com o homebroker - explica Rodriguez. O executivo cita como exemplo sua própria corretora, a Socopa. Segundo ele, entre 25% a 30% dos negócios com ações são feitos por pessoas físicas. Há três anos, o percentual não passava de 15%. O esforço do mercado, no entanto, seria em vão se a economia se mantivesse estagnada. Rodriguez afirma que a economia em crescimento gera mais lucro para as empresas, garantindo maior dividendo e maior interesse dos investidores pelos papéis. Também há um movimento de ingresso de empresas na Bovespa que há muito não se via. A última a entrar foi a Gol e nomes bem conhecidos do público pretendem ingressar no mercado, como Boticário e TAM. Na avaliação do executivo, os investidores pessoas físicas buscam empresas que apresentem bom desempenho e paguem bons dividendos e devem ficar atentos às boas práticas de governança corporativa, o que inclui qual tratamento será dado aos acionistas minoritários em caso de fechamento de capital.