• 27 de dezembro de 2010

A lei do mercado que equilibra o preço entre a oferta e a demanda faz com que o serviço prestado pelas auditorias perca qualidade.

Essa é a opinião de Luis Fernando Camargo, professor do Insper e ex-funcionário da Deloitte e da PricewaterhouseCoopers, duas das três maiores auditorias do país.

De acordo com Camargo, na hora de uma empresa contratar uma auditoria, ela abre uma concorrência e escolhe a que cobra mais barato.

Essa disputa, segundo o especialista, faz com que a auditoria force o preço para baixo em detrimento da qualidade do serviço.

“Quando a empresa vai auditar o cliente, para poder rentabilizar, em vez de dedicar 200 horas [na auditoria], dedica apenas 100 horas. As auditorias vão correr mais porque senão o negócio não dá lucro. Ao dedicar menos tempo de trabalho do que o ideal, as auditorias ficam mais sujeitas a erros”, afirma Camargo.

Já para Ana Maria Elorrieta, presidente da Diretoria Nacional do Ibracon (Instituto dos Auditores Independentes do Brasil), não é o preço do serviço que define a escolha da auditoria.

“As empresas buscam o auditor que entenda do negócio dela e que tenha experiência prévia com aquela indústria”, afirma.

“O auditor pode ser processado por qualquer um que se sentir prejudicado. Esse conceito de ‘vou reduzir o meu trabalho em troca de conseguir o cliente’ o põe em um risco enorme. Porque amanhã ele vai pagar uma multa ou indenização muito superior ao que ele faturou”, argumenta Guy Almeida Andrade, integrante do Conselho de Administração do Ibracon.

Proposta

O professor Camargo do Insper diz que a solução para o problema seria a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) ficar responsável por escolher a empresa que faria a auditoria.

Pela proposta, a CVM cobraria uma verba das empresas. Esse fundo serviria para pagar a auditoria externa.

“O auditor ficaria totalmente independente para examinar os dados. O cliente dele passaria a ser a CVM”, propõe Camargo.

 

Fonte: site UOL