• 29 de janeiro de 2012
Uma Marina mais solta e radical, nas posições, foi o que se viu, ontem, em Porto Alegre. A ex-senadora e ex-ministra tem sido um dos destaques do Fórum Social Mundial que se realiza até este fim de semana em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.
A política acreana tem participado de vários debates, sempre com posições extremadas em defesa do meio ambiente e da sustentabilidade, que têm sido suas bandeiras em sua pregação por todo país.
Sua primeira intervenção foi no debate sobre o futuro das cidades. “Não podemos ver as cidades como um mero amontoado de problemas. Elas são, também, um espaço facilitador para a resolução desses problemas”, disse a ex-ministra do Meio Ambiente e ex-senadora Marina Silva. Em sessão concorrida, que lotou o auditório da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Marina estava ao lado de velhos conhecidos da esquerda brasileira, entre eles os teólogos Leonardo Boff e Frei Betto e o ativista e pai do Fórum Social Mundial, Oded Grajew.
Marina também explicou que há um novo sentimento político no país e que ela sente isso todos os dias. A ex-senadora Marina Silva, atualmente sem partido, disse que uma borda está se afastando do centro do poder para encapsulá-lo, durante o debate “Política 2.0”, do Fórum Social Temático, nesta quinta-feira, em Porto Alegre. “Isso se vê em todo o mundo, no Chile, na Espanha, nos Estados Unidos”, afirmou, referindo-se aos movimentos articulados por redes sociais que se organizam para defender mudanças em diversos países. “Agora as pessoas querem ser sujeitos, estamos diante da possibilidade de democratizar a democracia”, avaliou, elogiando os movimentos suprapartidários que buscam novos espaços para qualificar as relações do homem com ele mesmo e com a natureza.

Em sua manifestação, Marina fez mais referências teóricas do que alusões diretas à política nacional e considerou o excesso e não a falta como o problema mais grave que a humanidade tem. “Essa cultura foi capaz de produzir tudo, e se for o caso em tempo real, mas há quem não tenha”, avaliou, em referência à má distribuição dos bens.

No mesmo debate, Ricardo Young, que, assim como Marina, participa do conselho diretor do Instituto Democracia e Sustentabilidade, sustentou que há uma situação de grande mudança nos controles políticos graças às redes sociais. Citou como exemplos o Massacre do Carandiru, em 1992, que levou alguns dias para ser conhecido em detalhes, e a desocupação da área do Pinheirinho, em São José dos Campos (SP), no último domingo, que gerou uma imediata onda de protestos contra a operação policial que afastou 1,6 mil famílias do local.
Oded Grajew, do Instituto Ethos e Rede Nossa São Paulo, destacou a mobilização que levou a Câmara de Vereadores a aprovar a lei que obriga o prefeito eleito a divulgar seu plano de metas, incluindo as promessas da campanha, e a prestar contas do que conseguiu fazer a cada seis meses. Também citou outra mobilização da sociedade civil que levou uma Proposta de Emenda Constitucional ao Congresso Nacional para obrigar a presidência da República, os governadores e todos os prefeitos a fazerem o mesmo. A matéria já passou pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara Federal e deve ser analisada em breve por uma Comissão Especial. “As conexões, as redes e as alianças mostram que é possível mudar”, afirmou, para um público de cerca de cem pessoas.
Marina defendeu ainda que a presidenta Dilme vete integralmente o projeto do Código Florestal aprovado no Congresso. Marina concentra sua atuação no Instituto Democracia e Sustentabilidade, que pode ser o embrião de um novo partido que planeja fundar para sustentar sua possível candidatura a presidente em 2014.
Mobilização contra o Código Florestal
O debate sobre o Código Florestal no Fórum Social teve momentos de radicalização, pela intervenção de Marina Silva e do representante do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, José Pedro Stédile.
As lideranças que participaram do debate sobre as mudanças no Código Florestal no Fórum Social Temático foram unânimes em dizer que somente a mobilização da sociedade brasileira conseguirá impedir que os retrocessos contidos no texto aprovado no Congresso obtenham sanção presidencial e se transformem em lei.
“É hora de agir. Vamos para as ruas e vamos entupir o Palácio do Planalto de cartas e e-mails para que a presidenta Dilma honre seus compromissos, se não conosco, com as gerações futuras”, avaliou João Pedro Stédile, coordenador do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra e da Via Campesina. “As mudanças propostas são para liberar a apropriação privada da nossa biodiversidade, pois anistiam a todas as agressões praticadas e abre margem para mais desmatamentos”, completou o líder.
A ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, seguiu na mesma direção de Stédile. “Pesquisas mostram que 80% da população não quer as mudanças no Código e, surpreendentemente, 80% dos parlamentares votaram em outra direção. A presidente se comprometeu, de próprio punho, a vetar a anistia a desmatamentos e projetos que promovam mais desmatamento. Se houver mobilização popular, ela se sentirá respaldada para vetar”, afirmou Marina Silva.
 
 Com informações: site FENAFISCO