• 11 de abril de 2012

Uma comissão de sindicância da Corregedoria da Câmara será encarregada de investigar todas as denúncias contra deputados por envolvimento com o empresário de jogos de azar Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. O pedido de criação da comissão foi feito pelo corregedor da Casa, deputado Eduardo da Fonte (PP-PE), segundo vice-presidente da Câmara.

A criação da comissão de sindicância foi anunciada hoje a deputados da Frente Parlamentar Contra a Corrupção, que se reuniram com da Fonte para pedir celeridade na análise das representações contra os deputados Rubens Otoni (PT-GO), Sandes Júnior (PP-GO) e Carlos Alberto Lereia (PSDB-GO), todos denunciados por envolvimento com Carlinhos Cachoeira.

"Essa comissão de sindicância vai dar celeridade aos trabalhos de apuração de denúncias envolvendo deputados com o esquema montado por Cachoeira, já que se tratam de casos do mesmo objeto", disse Eduardo da Fonte.

Os três deputados a serem investigados até o momento já foram notificados pela Corregedoria da representação contra eles. Rubens Otoni já apresentou sua defesa. Sandes Junior e Lereia têm até quarta-feira da próxima semana para apresentar suas defesas por escrito.

A comissão de sindicância terá como presidente o corregedor e será integrada também pelos deputados Odair Cunha (PT-MG), Maurício Quintella Lessa (PR-AL), Eduardo Milhomen (PCdoB-AP) e Jerônimo Goergen (PP-RS).

Demóstenes e Carlinhos Cachoeira
Em 6 de março de 2012, o senador Demóstenes Torres (GO) subiu à tribuna para dar explicações sobre as denúncias de sua proximidade com o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, descoberta pela operação Monte Carlo, da Polícia Federal, que terminou em fevereiro, com a prisão de Cachoeira e de outras 34 pessoas. Demóstenes disse que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido critérios legais. Dez dias depois, o jornal Folha de S.Paulo publicava um relatório do Ministério Público Federal (MPF) que indicava que o grupo comandado por Cachoeira entregou telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, que admitiu ter recebido o aparelho.

O jornal O Globo noticiou, em 23 de março, gravações da PF que flagraram Demóstenes pedindo para Cachoeira lhe pagar R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo e vazando informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes. Em 27 de março, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado para "acompanhar a evolução dos fatos". No dia seguinte, o Psol entrou com representação contra o parlamentar no Conselho de Ética do Senado e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandovski autorizou a quebra do sigilo bancário de Demóstenes, solicitando ainda um levantamento sobre as emendas e os projetos relatados por ele para saber se Cachoeira, acusado de controlar a máfia dos caça-níqueis e de corromper policiais e políticos em Goiás, foi beneficiado.

Nas gravações, Demóstenes também aparece acertando um suposto lobby pela legalização dos jogos de azar no Congresso em 2009. Em outra conversa, Cachoeira pede ajuda no processo de um delegado e três policiais de Anápolis (GO) acusados de tortura e extorsão. Os dois ainda conversaram sobre um "negócio" milionário na Infraero. Na ocasião, Demóstenes teria se valido da relatoria da CPI do Apagão Aéreo para levantar informações e sondar contratos de informática na estatal.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido decidiu abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda.

 

Com informações: site Economia TERRA