• 18 de janeiro de 2011

As incertezas com relação ao tamanho do aperto monetário necessário para trazer a inflação para o centro da meta, de 4,5%, estão relacionadas à contribuição que virá, ou não, do lado fiscal. O mercado acredita em uma elevação total da Selic de 1,5 ponto percentual neste ano, levando a Selic para 12,25% ao ano. Mas os economistas estão em compasso de espera, aguardando as medidas prometidas pelo ministério da Fazenda para o corte de despesas e, também, a definição do novo salário mínimo, que deve ficar em R$ 545.

As expectativas dos agentes estão condicionadas, portanto, à nova configuração da equipe econômica de Dilma Rousseff. Existe a percepção de que BC e Fazenda retomaram uma atuação mais coordenada. Esse seria um fator positivo para o comportamento da inflação e poderia levar a um ciclo mais ameno de alta dos juros.

O discurso aberto do diretor de Política Econômica, Carlos Hamilton Araújo, às vésperas de a nova gestão assumir, de que a alta de juros seria necessária para combater as pressões inflacionárias, já antevia um BC com cara diferente, segundo o economista Newton Rosa, da SulAmérica Investimentos.

A autoridade monetária e a Fazenda tiveram um atuação bastante próxima nos primeiros anos do regime de metas de inflação. A exceção ocorreu nos últimos cinco anos, quando estavam nos cargos Henrique Meirelles e Guido Mantega. Mas essa visão ainda precisa ser confirmada pelos fatos.

Com uma maior coordenação entre as políticas monetária e fiscal, a equipe econômica do Bradesco avalia que a comunicação do BC sobre seus próximos passos será essencial para ancorar as expectativas. "Acreditamos que as intenções futuras emitidas pelos gestores de política monetária tendem a ser bem sinalizadas, contribuindo para ancorar as expectativas de inflação dos agentes, atualmente afetadas pela falta de informação sobre medidas na área fiscal."

Já Luis Otavio de Souza Leal, economista-chefe do Banco ABC Brasil, acredita que novas medidas devem ser anunciadas no futuro e terão peso na política monetária do presidente do BC, Alexandre Tombini. "Se não estivesse considerando novas medidas, inclusive uma política fiscal mais contracionista, o aumento de juros teria de passar de 150 para 300 pontos", avalia Leal. "A maior interação entre o BC e a Fazenda dá a entender que teremos um mix diferente da era Lula, com mais medidas macroprudenciais", diz.

Fonte: site Fenafisco