• 02 de novembro de 2012

Um dos absurdos que rondam os tais fundos de previdência é a má gestão dos recursos dos seus alimentadores.

 

Quando se combate o FUNPRESP, um fundo compulsório, com contribuição definida e não portável e remuneração indefinida, no quantum e no tempo de retorno, uma das preocupações que nos assombram a todos, em especial aos novos funcionários públicos - com ele, o conceito de servidor se esvaziou - é, exatamente, o controle, o gerenciamento e a sustentabilidade do malfadado fundo.

 

Estudos de técnicos especialistas noassunto mostram que, além dos fracassos de tais fundos, pelo mundo afora, as perspectivas para o FUNPRESP não são diferentes.

 

Em um país que ainda está por se descobrir, no que toca à moral política e gestora da coisa pública, assolado por escandalos de toda sorte, o prognóstico negativo não causa espanto.

 

Vejam a reportagem abaixo, que mostra um dos muitos riscos a que estã sujeito o empregado público, no nosso país.

 

E fica a pergunta: a quem se poederá recorrer?

 

 

Fundo de servidores da Serra perde 20% com ativos do BVA

 

Investimento total do IPS foi de R$ 40 milhões em banco sob intervenção do BC

 

A BRL Trust Investimentos, administradora do fundo de renda fixa Elo, informou que foi realizada uma provisão para perdas com investimentos em Cédulas de Crédito Bancário (CCBs). Esses papéis foram emitidos por empresas de pequeno e médio portes e tinham o banco BVA, sob intervenção do Banco Central desde o dia 19 de outubro, como agente de cobrança. Foi esse fundo que recebeu, em setembro, um aporte de R$ 40 milhões do Instituto de Previdência dos Servidores da Serra.

Segundo matéria publicada ontem no jornal Valor Econômico, no caso do fundo Elo, além da aplicação em CCBs, o portfólio tinha, em setembro, 14,75% do patrimônio, que somava R$ 349,712 milhões, aplicados em títulos de depósito a prazo do BVA. A exposição às CCBs e aos títulos de crédito do BVA deve ter impacto negativo de 20% sobre o patrimônio do fundo, que tinha como principais cotistas fundos de pensão.

 

A carteira é gerida pela Vitória Asset Management, que tem como principal sócio José Augusto Ferreira dos Santos, ex-controlador do banco.

Assim como ocorreu nos Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) do BVA, parte dos pagamentos realizados ao BVA pelas empresas emissoras dos papéis em carteira não foi repassada para o fundo Elo nas semanas anteriores à intervenção do Banco Central na instituição, em 19 de outubro.

Dinheiro mantido

Luiz Carlos de Amorim, presidente do IPS, afirma que o impacto negativo será de no máximo 16% do patrimônio total do fundo e, consequentemente, em cima dos R$ 40 milhões aplicados pelo instituto. Confirmada essa perda, o montante aplicado no Elo cairia dos R$ 349,7 milhões de saldo em setembro para R$ 293,7 milhões. O valor aplicado pelos servidores da Serra cairia de R$ 40 milhões para R$ 33,6 milhões.

"Não sei de onde tiraram em esse percentual (20%), o que sei é que tínhamos 16% de nossa carteira em títulos do BVA, ou seja, essa é a perda máxima e que não deve configurar-se".

Amorim lembra que o banco ainda não foi liquidado pelo Banco Central e que os credores terão o que receber. "O BVA virou pó? Não tem ativos? Vamos ver o que o Banco Central vai dizer, a intervenção vai durar mais uns 45 dias, não creio que nossa perda seja de 16% do fundo".

Amorim, indicado ao cargo pelo atual prefeito Sérgio Vidigal, deve sair junto com ele em 1º de janeiro, quando assumem os novos prefeitos. Para ele, o dinheiro deve continuar no Elo. "A rentabilidade é boa, em mais seis ou oito meses o montante será recuperado. Não vale a pena tirar o dinheiro antes deste prazo".

Intervenção

Em 19 de outubro, o BC decretou a intervenção do BVA, especializado em crédito para companhias de médio porte, citando comprometimento da situação financeira da instituição. O rombo verificado seria de R$ 550 milhões.

Servidores da Serra

Responsável pela aposentadoria de 8,7 mil funcionários públicos, o Instituto de Previdência dos Servidores do Município da Serra aplicou R$ 40 milhões no Fundo Renda Fixa Elo sob o intermédio do Banco BVA, infringindo o Tribunal de Contas do Estado que impede a aplicação de recursos vindos da previdência complementar de servidores em fundos que não sejam administrados, geridos e custodiados por Banco do Brasil, Caixa e Banestes.


Perdas

Como o fundo tinha títulos do BVA, as perdas podem alcançar 20% de todo o patrimônio do Elo. Os executivos do IPS falam em 16%.

 

Com informações: A Gazeta/ FENAFISCO